Vários pais solicitaram a abordagem desse assunto no meu Blog, demorou um pouco, mas como prometido, aí vai:
Qualquer casal em processo de separação deveria, antes de qualquer atitude, estar atento para que esse processo não desestabilize emocionalmente os filhos, já que para estes, a perda da estabilidade do lar e em alguns casos, da família, podem trazer sérias sequelas na sua formação.
A família é a célula-tronco da sociedade, o lugar onde se desenvolvem as estruturas psíquicas do indivíduo, onde se desenvolve a sua personalidade, onde ele aprende a viver no mundo, onde ele cria uma identidade, os seus valores e aprende lidar com suas emoções. Família é composta pelos pais, filhos, avós e todo membro ligado por sangue, lei ou afinidade, tanto de um lado como do outro, é um pequeno País, com valores e regras peculiares, que darão aos membros o seu próprio “sotaque”, singularidade, lealdade e princípios. Essa é a grande família-país! A pequena família, a família original, a cidade-família, a dos membros que residem na mesma casa, essa é a que vai ser mais afetada pela separação do casal, essa é que não pode se dissolver, apenas se reorganizar.
Portanto, já que é inevitável essa separação, vamos cuidar para que esse fato não ultrapasse os limites estabelecidos pela vida, e se restrinja apenas ao casal e não à família. Sofrimento ocorrerá, mas os filhos podem também superar essas frustrações, essas vicissitudes e seguirem em frente. E com menor dificuldade, se os pais colaborarem com eles e não abdicarem de seus papéis.
Seria bom observarem algumas dessas realidades e, se possível, fugirem dessas situações:
1. As separações não precisam ser traumatizantes, mas os traumas serão inevitáveis, contudo, precisamos ser consequentes em relação à saúde mental e emocional de nossos filhos. Quem se separa é o casal, não a FAMÍLIA. Esta já foi constituída, com pai, mãe, filhos, avós, tios, primos, etc. Famílias não moram todos na mesma casa, e qualquer criança pode entender isso. Mas muitos casais põem fim à família original, levando os filhos a sensação de abandono e menos valia. Cortam todo e qualquer relacionamento com o ex-cônjuge e sua família, esquecendo-se que nesta família estão avós, tios, primos, etc, co-responsáveis pela formação de seus filhos. Fazem questão de saírem dessa família totalmente, como estão saindo do casamento. “Minha mãe não gosta do meu pai e nem da família dele (ou vice-versa), portanto, não gosta de mim também, pois eu faço parte dessa família”, é o que muitos filhos pensam.
2. Não usem os filhos como MENSAGEIROS entre vocês. Se os pais querem criar filhos saudáveis têm que compartilhar informações, têm que conversar. Os filhos se sentem fazendo parte de uma família, mesmo que organizada da forma não usual, quando há o interesse e a concordância de ambos em relação a eles, independente de morarem juntos ou não. Desse modo, os filhos irão sentir que tanto o pai quanto a mãe continuam atuantes e presentes em suas vidas. Outra vantagem da boa comunicação entre os ex-cônjuges é que ela propicia a construção da identidade dos filhos. Filhos gostam e necessitam das histórias onde eles eram os protagonistas, histórias de quando eram pequenos, histórias da escola, dos passeios, dos amigos, peraltices, "casos de família", etc. Imprimimos em nossos filhos essas lembranças, a cultura, a história de vida. Lembranças não compartilhadas somem no tempo. Pai e mãe não podem esquecer disso! Vocês compartilham com seus filhos essas memórias? Conseguem sentarem-se juntos e compartilharem boas histórias da vida dos filhos? Quando isso não ocorre, na vida adulta seus filhos podem não ter lembranças da presença do pai ou da mãe em suas vidas. E você, pai ou mãe, também não terão um passado com seu filho. Os filhos precisam continuar aprendendo a viver, a suportarem as frustrações que a vida lhes apresenta, a enfrentarem as perdas indesejadas, e para isso, dependem igualmente dos pais. Não é o que costuma ocorrer. Geralmente a mãe tem a guarda física e o pai provem a manutenção e entende que seu papel acabou ali, o inverso também ocorre. No futuro seus filhos serão pessoas que você não conhece e que você não teve a oportunidade de imprimir sua marca, seus valores e sua personalidade. Conflitos na idade adulta serão comuns, já que bons relacionamentos dependem, em grande parte, de valores semelhantes e convivência. Eles crescerão, constituirão suas próprias famílias, terão seus filhos e você, pai ou mãe ausente, não fará parte disso. É dura a realidade, mas é a realidade!
3. Muitas vezes o cônjuge que não possui a guarda física se sente CULPADO pela sua ausência e tenta compensá-la com presentes, passeios e concessões. Logo os filhos percebem a jogada, e com certeza, tirarão proveito disso. Logo entenderão qual o papel que cada um dos pais têm em suas vidas: quem é que cuida, quem é que se interessa, quem é que sempre está junto, quem é que vai nas reuniões da escola, quem é que conhece os amigos, quem é que educa e ... quem é que somente compra e dá. Portanto, somos nós, os próprios pais, que definimos a relação que iremos ter com nossos filhos no futuro. A visão que os filhos têm do papel do pai e da mãe em relação a sua criação é que definirá sua estabilidade emocional e seu relacionamento com cada um deles no futuro. “Minha mãe é mãe e pai, e meu pai é o banco”, muitos filhos já me disseram isso em consultório.
4. “Separamos porque é impossível a CONVIVÊNCIA juntos, mas continuamos separados mesmo não convivendo mais juntos” é a postura empregada por muitos casais separados com filhos. Quando um casal com filhos se separa, não é possível banir totalmente a figura do ex-cônjuge de suas vidas, pois ele ou ela serão sempre o pai ou a mãe de nossos filhos. Isso nada dissolve, nem a lei! Ao contrário, a lei cobra e concede obrigações e direitos iguais. Muitos casais passam a não se suportarem e não escondem isso. Dói no filho ver um ou outro dos pais denegrirem ou diminuírem a imagem do outro. Se um dos pais não consegue ver o valor que o outro cônjuge ocupa na vida dos filhos, nunca conseguirá ver seu próprio valor. Se os pais querem que seus filhos sejam felizes, o vínculo filial deve ser preservado independentemente dos laços conjugais. A grande confusão que acaba ocorrendo na cabeça das crianças é quando os adultos misturam as figuras de marido e mulher com as de pai e mãe. Podemos ser bons pais ou mães sem sermos marido ou esposa. É importante aceitar tal fato e aprender a conviver com tal situação. Devemos ainda continuar “amando” nossos ex-cônjuges, não mais de forma carnal ou possessiva, mas sim como pai ou mãe de meu filho. É impossível a “falta de amor” se entendermos que falta de amor é ódio ou indiferença. Se amamos nossos filhos e eles nos amam, como podemos deixar de amar e de respeitar a pessoa que tem tanto valor e importância quanto eu na formação deles? A realidade mostra que quando um dos cônjuges não tolera a presença do outro, agride os filhos que amam igualmente os pais. Seria bom resolver essa situação antes de se aventurarem numa separação. A experiência diz que o ódio pelo parceiro pode ser um amor sublimado, um caso mal acabado, mal resolvido ou feridas ainda abertas. As situações não resolvidas entre os pais geram filhos não preparados para relacionamentos, rancorosos e ciumentos.
5. No caso de constituição de NOVAS FAMÍLIAS, os filhos só têm a ganhar, já que passam a ter novos tios, primos, irmãos e até avós, nos casos dos mais novos. Cabe aos pais fornecerem subsídios para que isto ocorra e providenciarem para que os contatos com as famílias do pai, da mãe e do novo parceiro ou parceira sejam somados e nunca tolhidos ou divididos. Preparar com amor um cantinho para seu filho em sua nova casa é o mínimo a oferecer. Logo esse cantinho se amplia e aquele novo membro começa a se sentir “fazendo parte”. Em seu quarto terá alguns brinquedos, seu travesseiro, sua coberta, sua cama, roupas e seu cheiro. Na casa logo terá seu sofá preferido, seu lugar à mesa, seu local para estudar. Vocês pais olharão para suas casas e lembrarão a todo momento de seus filhos, independente de morarem com vocês ou não, pois eles deixaram ali as suas marcas. É o bom de estar em casa! Maiores, terão também as chaves, levarão os amigos, amores e se sentirão duplamente felizes e amados, tanto na casa de um, como na de outro. Os filhos não podem ser visitas na casa dos pais, terem dias específicos para estarem lá ou cá, ou terem que comunicarem suas chegadas. A necessidade dos pais em suas vidas não pode ser dividida ou controlada, só o espaço físico! Mais do que ter duas casas, deve haver concordância, igualdade e limites em ambas. Os pais devem cuidar para que tanto numa casa, quanto na outra, os filhos se sintam confortáveis e não ocorram preferências e desníveis sociais e econômicos marcantes que possam afetá-los.
6. Sempre “joguem limpo” com seus filhos! Quem sabe um de vocês, ou ambos, não desejam constituir nova família no momento e queiram “viver a vida”, tendo vários relacionamentos depois da separação, mais passeios, viagens, academias, novos amigos, etc. Mais do que justo para quem julga ter saído de um relacionamento desgastado e conflituoso e quer dar uma recuperada no tempo perdido (muitos se justificam dessa forma acreditando que o tempo pode ser recuperado). Você, pai ou mãe, finalmente está desimpedido para isto, não há motivos para culpa. Estar solteiro ou solteira novamente, ou "estar sem os filhos" pode ser a nova condição desses pais. O compromisso de fidelidade com o outro cônjuge não existe mais, mas vocês continuam sendo pais e mães que devem manter a fidelidade aos filhos, isto é inevitável e requer responsabilidades, continuam sendo pais que podem aproveitar a vida, lembrando-se apenas que casamentos se desfazem, paternidade ou maternidade nunca. FILHO NÃO É FARDO! Há pais que não pensam assim, principalmente quando os filhos os privam de ser novamente solteiros, querem participar de suas vidas ou exigem algum tipo de renúncia. Acorde! Casamento é opção, se não agradar tenho possibilidades de rompê-lo. Filhos são para sempre! Estes sim, só serão separados pela morte. Se você, pai ou mãe, considera que seus filhos lhe privam a liberdade ou lhe tomam muito tempo, vocês, pai ou mãe, não estavam preparados para tê-los, pois a paternidade ou a maternidade implica numa nova condição de vida, recheada de deveres, obrigações e renúncias, independente se solteiros, casados ou descasados.
Já, o momento de apresentar aos filhos a nova ou novo parceiro, namorado ou namorada, poderá ser a partir do momento em que vocês, pai ou mãe, estiverem certos de que a relação não será rápida e sim duradoura, para que seu filho possa se sentir seguro de ter outra pessoa no âmbito familiar. Outra pessoa significa "fazer parte da vida", conhecer a história, os problemas e defeitos de seus filhos. Seu filho, com certeza, não se sentirá bem, se de tempos em tempos, chega um outro desconhecido para fazer parte de sua vida, conhecer seus defeitos e seu íntimo. É certo que eles não aceitarão isso de forma natural. Não invadam a privacidade deles por pura vaidade! Da mesma forma que os pais impõe regras para os relacionamentos de seus filhos adolescentes, eles devem estar atentos se estão proporcionando os mesmos exemplos. Modernismo também implica em respeito! Nenhum pai ou mãe aceita que seus filhos transitem pela casa a cada hora com um namorado ou namorada diferente. Vejo pais, dito modernos, só permitirem um contato mais familiar quando acreditam que o relacionamento de seu filho ou filha dá ares de ser sólido. Os próprios adolescentes não levam seus “ficantes” para casa! Os pais são o "farol" dos filhos, é bom lembrar disso!
Já, o momento de apresentar aos filhos a nova ou novo parceiro, namorado ou namorada, poderá ser a partir do momento em que vocês, pai ou mãe, estiverem certos de que a relação não será rápida e sim duradoura, para que seu filho possa se sentir seguro de ter outra pessoa no âmbito familiar. Outra pessoa significa "fazer parte da vida", conhecer a história, os problemas e defeitos de seus filhos. Seu filho, com certeza, não se sentirá bem, se de tempos em tempos, chega um outro desconhecido para fazer parte de sua vida, conhecer seus defeitos e seu íntimo. É certo que eles não aceitarão isso de forma natural. Não invadam a privacidade deles por pura vaidade! Da mesma forma que os pais impõe regras para os relacionamentos de seus filhos adolescentes, eles devem estar atentos se estão proporcionando os mesmos exemplos. Modernismo também implica em respeito! Nenhum pai ou mãe aceita que seus filhos transitem pela casa a cada hora com um namorado ou namorada diferente. Vejo pais, dito modernos, só permitirem um contato mais familiar quando acreditam que o relacionamento de seu filho ou filha dá ares de ser sólido. Os próprios adolescentes não levam seus “ficantes” para casa! Os pais são o "farol" dos filhos, é bom lembrar disso!
7. E as férias? E o Natal, aniversário, feriados? Os filhos que não convivem com um dos pais esperam ansiosos estas datas, mas ao mesmo tempo entram em conflito. Há pais que cometem o absurdo de fazerem dois aniversários para o filho, um na casa da mãe, outro na casa do pai, com amigos e convidados diferentes. Eterna COMPETIÇÃO! Pais extremamente culpados por sua ausência suprem as necessidades emocionais dos filhos com bens materiais. É mais fácil, por exemplo, comprar um carro para o filho, do que assumir o compromisso de levá-lo ou buscá-lo. É mais fácil comprar um vídeo-game para agradar um filho irritado do que dispor do nosso tempo para acalmá-lo ou entendê-lo. Os aniversários das crianças menores deveriam ser comemorados com o pai e a mãe presentes na festa, primos, tios e avós, maternos e paternos e os amigos. Esta deveria ser num local que não fosse na casa de nenhum deles, para não haver problemas. Para os maiores, basta a presença só dos pais. Já os Natais deveriam ser alternados, ou comemorado com todos num almoço fora, por exemplo. Filhos maiores se entristecem em deixar um ou outro dos pais nesta data, já que a sociedade estipula os Natais como sendo "da e para a família". São paradigmas a quebrar!
8. Pais sabem da vida dos filhos, conhecem sua rotina, amigos, professores e preferências. Filhos, por tabela, acabam também conhecendo a vida dos pais. Não é somente um teto em comum que os fazem pais ou mães. Habituem-se a COMUNICAREM sempre com seus filhos, caso você não more na mesma casa que eles. Se a presença física não é possível sempre, telefonem, troquem e-mails, perguntem sempre o que fizeram, onde foram, cobrem suas presenças e mostrem que se interessam por suas vidas, pelo que fazem, aonde vão e com quem. Conheçam seu filho e permita que ele conheça vocês. Conheço pais que sabem mais dos hábitos de seu cachorro, do que do seu próprio filho. Da mesma forma, não sumam sem dar notícias. É muito desagradável para os filhos não saberem onde o pai ou mãe está. Recebo muitas queixas dos filhos em relação a esse comportamento dos pais. Os filhos, independentes da idade, se sentem abandonados e excluídos quando não conhecem a vida do pai ou da mãe, ou melhor, quando não conhece esse pai ou essa mãe. Quando adultos, geralmente serão filhos órfãos de pai ou mãe vivos. Vínculo não alimentado se desfaz! Amor não cultivado não floresce!
9. A questão central a se preocupar depois da separação é a de RECONSTRUIR essa família agora. Não é a família que acabou, é a sociedade conjugal. A separação nada mais é do que uma mudança nessa organização familiar, não um término. Se os pais não administram bem isso, permanecem eternamente "emocionalmente casados" presos em mágoas, ciúmes e sentimentos de vingança. Tão importante quanto saber se separar sem traumas é saber reconstruir a família. Os filhos agradecem. Para os filhos há uma grande diferença entre crescer com a presença dos pais sob o mesmo teto, crescer com a presença dos dois de forma alternada ou crescer com a presença de um só deles. Isso não depende deles e sim de vocês pais.
10. Parece complicado? Lidar com emoções, perdas e separações não é nada fácil, mas entre tumultos e dificuldades, é possível criar filhos felizes e saudáveis, mesmo se a separação for inevitável. O segredo é colocá-los sempre em PRIMEIRO PLANO.
Você, pai ou mãe, se identificou com alguma das situações acima? Que bom! O primeiro passo para mudanças é reconhecer os erros. Sempre há tempo para “consertar a relação" quando se trata dos filhos. Então, que tal repensar suas atitudes?
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